O Câncer e a Soja
Segundo o Instituto Nacional do Câncer dos EUA, um terço das mortes por câncer está ligada a uma dieta inadequada. A alimentação ideal para reduzir o risco de câncer deve ter mais fibras, frutas e vegetais e menos gordura e proteína animal. Conforme já visto anteriormente, a soja e a maioria dos seus derivados costumam conter proteína de qualidade ímpar, baixo teor de açúcar, óleo nutricional, fibra em qualidade e proporção adequada, além de uma vasta gama de outros nutrientes importantes.Estudos indicam que alimentos à base de soja ajudam na prevenção contra vários tipos de câncer, como os do pulmão, do colo do útero, dos intestinos, do estômago e da próstata.
Mulheres que consomem regularmente produtos derivados de soja apresentam 54% menos chance de desenvolverem câncer de útero.
As isoflavonas da soja, classificadas como fitoestrógenos, são apontadas como os principais compostos presentes na soja capazes de prevenir o aparecimento de vários tipos de câncer. Estes fitoestrógenos são encontrados em quantidades significativas na soja e derivados como o kinako e a carne de soja (PTS), variando segundo o processamento de obtenção. Importante ressaltar que a ingestão da farinha de soja é muito mais efetiva e econômica do que as onerosas cápsulas isoladas e concentradas de isoflavona. Isto porque a isoflavona apresenta seu melhor desempenho quando integrada a sua proteína e todos os demais componentes da soja.
Apesar das muitas evidências, a comunidade científica ainda não conseguiu estabelecer com total clareza quais os mecanismos fisiológicos de atuação e ação preventiva que apresentam os compostos da soja. Uma das formas de atuação destes isoflavonóides pode ser a inibição do crescimento e disseminação de muitos tipos de células tumorais. Todo estrógeno precisa se ligar a um receptor para poder funcionar. É como um sistema chave-fechadura. A chave é o estrogênio e o receptor, ou seja, a fechadura é uma estrutura formada por proteínas (o DNA), que estão presentes em algumas células de órgãos como próstata, útero, ovário e mama, e que são sensíveis para receber a chave (o estrogênio). Porém, se essa chave for muito "forte", que é o caso dos hormônios estrogênicos sintéticos, ela pode danificar a fechadura, ou seja, o DNA que representa o relógio controlador do correto crescimento e multiplicação celular. Os fitoestrógenos da soja, que apresentam ação estrogênica moderada, desempenham a função de se encaixarem rapidamente nos receptores estrogênicos, bloqueando-os, ou seja, impedindo o acesso dos estrógenos fortes, mas tendo pouco efeito sobre o DNA e o crescimento das células da mama, próstata e outras.
Além das isoflavonas, outras substâncias, também presentes nos grãos da soja, auxiliam na prevenção e controle de alguns tipos de câncer. Dentre esses compostos estão as fibras, os oligossacarídeos, os inibidores de proteases (IT) e as saponinas. A eficácia da soja na prevenção e tratamento do câncer irá depender do tipo e local onde ele se manifesta, do agente causal e da fase de desenvolvimento da doença. Assim, é legítimo que ocorram variações na eficácia da resposta ao tratamento alimentar. De qualquer forma, antes que se instale uma doença crônica, a prevenção, com a ingestão diária adequada da soja e seus derivados, é o melhor tratamento.
TABELA - Comparando incidência câncer de próstata e de mama entre países com diferentes hábitos alimentares (por 100.000 habitantes)
País | Câncer de Próstata | Câncer de Mama |
China | 1,8 | 19,1 |
Japão | 6,7 | 19,7 |
Índia | 8,2 | 20,8 |
Finlândia | 34,2 | 44,7 |
Suécia | 45,9 | 60,7 |
Basiléia - Suíça | 50,1 | 72,1 |
EUA | 53,4 | 87,0 |
O Câncer de mama e a soja
Atualmente tem-se estudado em todo o mundo a ação da proteína da soja sobre a prevenção do câncer de mama, já que as asiáticas, por terem o hábito cultural de consumir soja e derivados diariamente, têm uma chance bem menor de adquirir tal câncer em relação às mulheres ocidentais.
Níveis mais baixos de estrogênio geralmente estão associados com melhor saúde da mama da mulher. Numerosos estudos têm demonstrado que as mulheres que ingerem produtos da soja com freqüência apresentam níveis mais baixos de estrogênio no sangue, e isto pode estar associado com uma proteção induzida pela funcionalidade da soja contra o risco do câncer de mama. A principal hipótese que explica tal fenômeno é a presença das isoflavonas da soja, que bloqueiam os efeitos maléficos do estrogênio. As isoflavonas da soja também apresentam propriedades de diminuir a formação de novos vasos sanguíneos que é uma condição para que os tumores cresçam e se espalhem. Com a soja evitando a nova formação destes vasos, o câncer não terá nem oxigênio nem suprimento nutritivo adequado para seu pleno desenvolvimento.
O Câncer de próstata e a soja
Estudos feitos por pesquisadores do Centro de Câncer Davis, da Universidade da Califórnia, EUA, demonstraram que a genisteína, um isoflavonóide da soja, desacelera o crescimento do câncer de próstata em camundongos e faz com que as células cancerosas morram. Os pesquisadores acreditam que a preponderância da soja na dieta asiática possa ser uma razão para que os homens asiáticos tenham uma taxa de câncer de próstata menor do que os homens americanos. Foram identificados os mecanismos pelos quais a genisteína atua no câncer de próstata e as descobertas são consistentes com outros estudos que envolvem a soja. Entretanto, apesar dos resultados encorajadores, testes com a genisteína em pacientes com câncer ainda são necessários para comprovar sua efetividade em humanos.
O Câncer de cólon e a soja
Como já demonstrado anteriormente, a soja e alguns dos seus derivados, é muito rica em fibras solúveis, insolúveis e oligossacarídeos. Tais compostos - prébióticos - são muito benéficos ao pleno funcionamento dos intestinos, conferindo fortalecimento da flora intestinal, maior volume e fluidez fecal, como também menor tempo de trânsito intestinal, reduzindo constipações, agressões e envenenamento das mucosas locais. Somado a isso, há algumas décadas tem sido enfatizado o efeito protetor de a fibra alimentar contra o câncer de cólon e reto. Este conceito foi sugerido por Burkitt33 em 1971, que relacionou a elevada ingestão de fibras com a baixa incidência desse tipo de câncer entre a população do leste da África. A World Cancer Research Fund1, após desenvolver metanálise, envolvendo 129 estudos e analisar outros 13 de caso-controle, considerou convincente a associação das fibras alimentares com a redução do risco de câncer de cólon e reto. Em paralelo, os fitoestrógenos da soja podem interferir direta ou indiretamente na prevenção do câncer, uma vez que participam em diversas etapas do metabolismo, atuando como antioxidantes ou na redução da proliferação de células cancerígenas.
O Câncer de pele e a Soja
Uma pesquisa realizada na Universidade Berkeley, EUA, cujo estudo foi publicado no periódico Cancer Research (15/outubro/2001), mostra que a incidência de câncer de pele em camundongos diminui com a aplicação da lunasina, uma proteína da soja. Há dois anos, os mesmos pesquisadores descobriram que a injeção do gene da lunasina em células cancerosas em cultura, interrompia a divisão celular.
Em trabalho mais recente, testaram a possibilidade da proteína prevenir células normais de se tornarem cancerosas tanto em cultura como em camundongos.
A lunasina poderia ser encarada como um agente NK (natural killer) que ao identificar uma célula normal se transformando, a ataca e destrói.
Kinako - Farinha integral de soja
Ingrediente: 1kg de grão de soja escolhidos
Preparo no forno: Coloque os grãos em uma assadeira rasa média e torre em forno pré-aquecido, por 20 minutos em fogo baixo. Mexa de vez em quando, com o auxílio de uma colher de pau, para que não queimem, até que as cascas dos grãos soltem com facilidade. Retire do forno e deixe esfriar. Moa os grãos no liqüidificador ou em máquina de moer carne.
Peneire a farinha obtida, utilizando uma peneira fina.
Armazene esta farinha integral de soja em recipiente seco e com tampa.
Mantenha na geladeira.
Atenção: Por ser integral sua validade é de somente 30 dias.
Consumo ideal: 1 COLHER DE SOPA/DIA batida em sucos desintoxicantes, vitaminas, granolas, etc.
Texto extraído do livro Soja - Nutrição & Saúde. Conceição Trucom - Editora Alaúde.
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