Artigos - Nutrição e Saúde
Conceição Trucon
Conceição Trucom, que é química, cientista, palestrante e escritora de temas voltados para a alimentação natural, qualidade de vida e bem-estar.
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Lembre de alimentar seu cérebro
14/01/2008
A mente anda cansada, com preguiça de pensar, planejar e aprender?
E pior, vive dando brancos: para onde estou indo mesmo? Sei que tenho que comprar algo... Caramba, esqueci a panela no fogo! Qual é mesmo o nome daquele ator?
Bem, isto é sinal de que você está esquecendo de colocar alguns alimentos no prato. Afinal, um cérebro saudável e vivo, depende de uma alimentação consciente e vitalizante.
Que o consumo de peixes faz bem à manutenção das células cerebrais todo mundo já sabe. Mas os neurobiólogos não param de realizar estudos, e a lista de alimentos que fortalecem as funções cerebrais fica cada vez mais focada para o mundo dos vegetais frescos e integrais.
É nas frutas, por exemplo, que se encontra a fisetina - mais precisamente no morango, pêssego, uva, kiwi, tomate, maçã e também na cebola e espinafre. Segundo o Instituto Salk, na Califórnia (EUA), essa substância vem sendo considerada fundamental para manter a memória “jovem”, porque sua função é estimular a formação de novas conexões entre os neurônios (ramificações) e fortalecê-las.
O fenômeno pode ser explicado pelo fato destes vegetais, quando integrais, frescos e crus, estão concentrados de compostos antioxidantes, que neutralizam os danos dos radicais livres no cérebro, melhorando a juventude e sanidade das suas células. A capacidade delas se comunicarem com todas as partes do organismo e de armazenarem informações.
Além disso, encontramos na fração oleosa das sementes, grãos integrais e na gema do ovo, uma grande gama de substâncias que são muito amigas do cérebro. Vamos conhecê-las:
Zinco, Selênio, Ferro e Fósforo - sais minerais que participam de inúmeras trocas elétricas e mantêm o cérebro acordado e ativo (elétrico). Presente em todas as sementes e grãos, em raízes e nas folhas verde escuro.
Vitamina E - poderosa ação antioxidante. Presente em todas as sementes e grãos, como também em óleos vegetais prensados a frio.
Vitamina C - famosa ação antioxidante. Presente nas sementes frescas e cruas que foram pré-germinadas, assim como na maioria das frutas.
Vitaminas do complexo B - regulam a transmissão de informações (as sinapses) entre os neurônios, presente nas sementes e nas fibras dos alimentos integrais.
Bioflavonóides - são polifenóis com forte ação antioxidante. Além das sementes são encontrados também no limão, frutas cítricas, uva e nas folhas verde escuro.
Colina - participa da construção da membrana de novas células cerebrais e na reparação daquelas já lesadas. Presente na gema do ovo e em todas as sementes e grãos (predominância na soja), como também em óleos vegetais prensados a frio.
Acetil-colina - um neurotransmissor, fundamental para as funções de memorização no hipocampo. Presente na gema do ovo e em todas as sementes e grãos (predominância na soja), como também em óleos vegetais prensados a frio.
Fitosteróis - estimulante poderoso do sistema de defesa do organismo, reduzindo proliferação de células tumorais, infecções e inflamações. Presente em todas as sementes e grãos, como também em óleos vegetais prensados a frio.
Fosfolipídeos entre eles a Lecitina - funcionam como um detergente, “desengordurando” todos os “sites” por onde passa. Além disso, participam na recuperação das estruturas do sistema nervoso e da memória. Presente em todas as sementes e grãos (predominância na soja), como também em óleos vegetais prensados a frio.
Ômega-3 – funciona como um antiinflamatório poderoso, evitando a morte dos neurônios. Existem somente três fontes: os peixes de águas frias e profundas e as sementes de linhaça e prímula.
NÃO ESQUEÇA DE TER SEMPRE NA DESPENSA
Sementes cruas e sem sal: linhaça, gergelim, girassol, abóbora, castanha do Pará, castanha de caju, noz pecã e macadâmia. Lembre das sementes da melancia, do pepino e do melão.
Óleos: azeite virgem ou aqueles que são prensados a frio – linhaça, girassol, gergelim e soja. Lembre do famoso óleo de fígado de bacalhau.
Leguminosas: soja, ervilha, lentilha, grão de bico, feijão branco, azuki e os demais.
Frutas: limão e as demais cítricas, uva, maçã, kiwi, pêssego, morango e demais frutas vermelhas (amora, cereja), abacate, tomate e azeitona.
Cereais integrais: arroz, trigo, aveia e centeio, como também o germe de trigo.
Verduras: todas as folhas de cor verde escura, como todas as couves (manteiga, brócolis, flor), a bertalha, a espinafre e a folha da beterraba.
Legumes: principalmente os de cores vivas como a cenoura, a beterraba, a abóbora e no meio deles a cebola e a cebolinha.
Se você não é vegetariano, lembre-se que os peixes não devem faltar quando o propósito é cuidar do cérebro, da capacidade de se concentrar e da memória. Os mais interessantes são os de água fria, ricos em ômega-3, como salmão, sardinha, anchova, atum, arenque e cavala.
Os Alimentos Neuroprotetores
São os agentes antioxidantes, como os bioflavonóides e carotenos, presentes nas frutas cítricas, na uva (principalmente as escuras), nas frutas vermelhas (morango, amora e cereja) e laranjas (pêssego, caqui, mamão, manga e damasco) e na maçã. Quanto às hortaliças, insista nas de folhas escuras, como as couves, a bertalha e o espinafre. Nos legumes: a abóbora, a cenoura e a beterraba.
A vitamina E (tocoferóis) está presente nas sementes e nos óleos vegetais prensados a frio, como o de soja, linhaça e girassol, assim como no germe de trigo. Óleos vegetais refinados são pobres de micronutrientes de valor terapêutico.
Entre os minerais, as revelações são o zinco - encontrado em doses generosas na semente de abóbora, no iogurte e nos cereais integrais; e o selênio, que está concentrado na castanha do Pará e em menores doses nos grãos integrais, na cebola e no alho.
Por fim, o ômega-3 dos peixes de água fria, que também protege os neurônios. Mas ele está presente em altas doses na semente de linhaça e no seu óleo prensado a frio.
Os Alimentos Regeneradores das células
A colina e a lecitina, substâncias fartamente encontradas na fração oleosa da soja e na gema do ovo, têm papel fundamental na composição da membrana gordurosa que reveste os neurônios. E, haja colina, pois as funções cerebrais de aquisição e armazenamento de novos dados, exigem mais intensamente pela formação de novas células. Bem, não dá para sair comendo ovo em excesso, mas é possível fazer uso diário de suplementação alimentar com a lecitina isolada de soja (1 grama/dia).
Elas estão presentes também, mas em menor concentração, no germe de trigo, nas leguminosas e no levedo de cerveja. Está provado que o consumo de alimentos que contêm colina durante a gravidez e na fase de aleitamento influi beneficamente no desenvolvimento cerebral da criança.
Os Alimentos que Estimulam as conexões cerebrais
Os alimentos deste grupo contêm substâncias que facilitam a comunicação entre os neurônios, aumentando também a capacidade de pensar, se concentrar, aprender e memorizar. É o caso da fisetina, que marca presença nas frutas já citadas.
As vitaminas do complexo B também facilitam a comunicação entre as células e tais substâncias são mais comuns em alimentos de origem animal como as carnes, peixes, aves, vísceras, leite e derivados. Entretanto, nos vegetais como os cereais integrais, sementes, germe de trigo, soja e demais leguminosas, também estão presentes, porém em menor concentração.
Finalmente, o fósforo, que se encontra nos peixes, no germe de trigo e ainda nas sementes de girassol e abóbora.
O QUE COMPROMETE A SANIDADE DO CÉREBRO?
Procure fugir de alimentos que causam picos glicêmicos - eles estouram a taxa de glicose no sangue e no cérebro - como o açúcar (principalmente o refinado), massas e cereais refinados, batata inglesa e doces em geral. Eles elevam a produção de insulina e de ácido aracdônico, fortes responsáveis pelos processos inflamatórios, que aceleram o envelhecimento e morte das células cerebrais.
Metabolicamente, sabe-se que logo após os picos glicêmicos gerados pelo consumo excessivo de açúcar e amidos, é inevitável quadros de hipoglicêmia, que é a queda vertiginosa do teor de glicose no sangue. Tal situação desarticula todas as funções sensoriais do cérebro, assim como a sua produtividade, poder de comunicação interna e armazenagem de dados. Tanto que a reação natural de um cérebro em estado de hipoglicemia é o sono, ou seja, pára tudo.
Evite também as drogas que geram produção massiva de radicais livres como é o caso do cigarro, das frituras, do álcool, do café, dos alimentos muito processados e aditivados. Os radicais livres AMAM destruir neurônios e demais células do organismo.
Por último, evite as frituras e as gorduras de origem animal, que tormam as membranas celulares rígidas e pouco porosas, inviabilizando a fluidez e a qualidade das trocas químicas, tanto de nutrição, como de limpeza orgânica. Uau! Cérebro desnutrido e envenenado.
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