Você já deve ter ouvido alguns desses slogans “Deus acima de tudo”, “Deus é fiel”, ou coisas do gênero. Enunciados que são facilmente assimiláveis por mentes indolentes e rasas que apenas conseguem inteirarem-se daquilo que lhes é fácil, superficial. Aliás, é bom que se diga que o ser humano, em geral, por ser um hóspede da superfície terrestre, é naturalmente propenso à superficialidade, haja visto que, por falta de conhecimento e preguiça mental, acomoda-se em deficiências cognitivas que urgem ser superadas para evoluir.
Levada por interpretações religiosas limitadoras do que venha a ser a Causa Primeira ou a “Inteligência Criadora” do universo, a maioria dos indivíduos apequena o que vem a ser Deus. Na tentativa de humanizar Deus para fazer face ao atendimento de interesses imediatistas e materialistas apenas vulgariza o entendimento de algo que é muito mais profundo do que aparenta ser. E a vulgarização é tanta que adeptos daquilo que é chamado de “teologia da prosperidade”, costumam afirmar com certa eloquência que Deus lhes “deve” isso ou aquilo.
As leis universais oriundas da Causa Primeira de toda a criação, conhecidas desde os primórdios da humanidade, foram conservadas ocultas por razões da manutenção poder clerical e político de dominação sob os povos. Uma das provas mais cabais de tais fatos foi a “morte” de Jesus Cristo, e de outros avatares e iluminados quando, cada um em seu tempo, tentava espraiar e socializar conhecimentos antes inacessíveis como forma de redimir e libertar os aprisionados pela ignorância. No entanto, apesar de todos os sacrifícios levados a efeito, séculos após séculos, em nome da propagação da verdade sobre Deus e toda a sua Criação, ainda estamos sujeitos a crassa ignorância que nos assola e gera toda série de sofrimento que acomete a humanidade terrestre.
Deus não é um ser aos moldes humanos. Por outro lado, não é um “ente” tão abstrato assim; é a Inteligência Primeira, o Todo, de onde se origina toda a criação, e está presente em tudo. Contudo, a união desse “tudo” que permeia as obras da criação não o define. Sendo assim, a pergunta apropriada não é quem é Deus? sim o que é Deus? A primeira pergunta nos remete a um ser, o que é próprio da mente humana que acha que tudo é parecido consigo mesmo. A segunda nos remete à busca da essência do que é essa “Força Motriz” de toda a criação. A ciência não explica Deus porque parte de premissas materialistas terrenas, quando em verdade Deus é algo além da compreensão rasa humana, já que não possui forma; sendo a causa primeira de toda a criação é indefinível por sua própria natureza cósmica e transcendental. Deus é o Todo, o Inominado e Supremo, de onde tudo se origina.
A dualidade existente no mundo não é provinda de Deus, já que Ele é Uno. Na medida que a criação se afasta do Centro do Todo é que ela se densifica, se dualiza e até se pluraliza, dando margem a criação pelos humanos de outros tantos deuses. Sendo assim, a compreensão do que é Deus esbarra na falta de um conhecimento muito mais intenso e, ao mesmo tempo sutil, do que a perspectiva humana possa alcançar e compreender. De modo suscinto posso afirmar que a compreensão de Deus pelo ser humano somente ganhará maior clareza, através do conhecimento das leis universais, da sua observação, da boa prática existencial, da vivência interior, ou seja, da autoconsciência paulatinamente aprimorada. Quando Cristo disse: “tende olhos para ver e ouvidos para ouvir”, essa premissa indicava a necessidade de ampliarmos a nossa “visão e audição” contidas em nossa alma. Isto para captarmos o todo que representa a presença de Deus, ou seja, temos que “ver” e “ouvir” em nossa essência espiritual e no âmago das obras da criação todo o significado do que Ele é e representa.
O mesmo Cristo, também, nos trouxe a ideia de um Deus Pai, para simplificar o entendimento da “Causa Primordial”, um modo de simplificar o entendimento de Deus, apenas isso. Porém, os humanos levaram isso ao pé da letra, ou seja, adeririam ao quanto mais simples melhor, sem buscar aprimorar a compreensão do que estava sendo dito. Antes mesmo da vinda do Cristo, já existiam em alguns locais do mundo existente na época, ideias e elaborações cosmológicas ou filosóficas muito mais profundas do que seria Deus. Conhecimentos que só agora nos são acessíveis, graças a Deus.
Enfim, em cada partícula da criação está “imprimida” a essência de Deus em toda a sua magnitude e potência, logo, Deus está em nós e “vibra” em tudo ao nosso redor. Sendo assim, cabe a cada um entrar em sua mais profunda sutilidade para sintonizar-se com essa “Vibração Divina” para compreende-la e senti-la em toda a sua plenitude. Como não há um Deus comum a todas a criaturas, devido a dimensão particular que que cada uma transita em seu processo evolutivo, cabe então a cada ser em si buscar constantemente a compreensão da essência divina que está presente em sua vida e honra-la em suas condutas e ações no mundo visível e objetivo.
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