“Todos nós nascemos
príncipes e princesas, mas, ás vezes,
a nossa infância pode
nos transformar em sapos”.
Eric Berne
São inúmeras as situações de natureza negativa que, infelizmente, envolve a educação infanto-juvenil nos dias de hoje. Porém, nesta breve reflexão dedicada a pais, familiares, professores, educadores e indivíduos adultos, vou apenas comentar sobre o estímulo precoce à competitividade.
A criança não nasce competitiva, ela simplesmente nasce ávida por aprender, por desenvolver-se (saudavelmente) e, porque não dizer, por receber afeto, estímulos positivos e atenção.
Uma criança quando vai a uma escolinha para iniciar-se em alguma modalidade esportiva como natação ou futebol, por exemplo, o que ela quer é somente aprender e se divertir. Ela não pensa em ganhar do coleguinha, em obter algum troféu, ela só quer entreter-se. Mormente são os adultos mal preparados para educá-la que contaminam a diversão estimulando a competição, eliminando a graça do entretenimento.
O escritor e palestrante americano, versado em educação, Alfie Kohn, ao tratar do tema, diz que: “As evidências sugerem de modo avassalador que a competição é destrutiva, especialmente para as crianças. É uma maneira tóxica de criar filhos”. E deve-se isso, sobremaneira, à falta de uma visão mais profunda e consequente, dos pais ou seus substitutos, sobre as fases de desenvolvimento emocional da criança.
A competição precocemente estimulada compromete o aprendizado natural da criança, pois, se desde cedo ela for pressionada por resultados, ela inevitavelmente irá comprometer a sua originalidade e criatividade. Têm sido constantes os relatos sobre crianças que, ao perderem uma competição ou terem algum desempenho considerado ruim em sua pratica esportiva perdem o apetite, ficam irritadiças e se deprimem. E isso ocorre, também, quando são cobradas inadequadamente pelo desempenho escolar, ou quando são comparadas negativamente a outrem em suas atividades.
Os pais que estimulam de modo inapropriado os seus filhos a serem competidores, precisam compreender que, por força da pouca idade, na maioria das vezes eles não estão preparados para o ônus da competitividade. E por isso mesmo poderão vir a sofrer dificuldades de ordem emocional que irão influenciar negativamente a autoconfiança deles no desempenho de outras atividades, prejudicando, inclusive, a socialização e os aprendizados futuros.
Enfim, é recomendável que pais, familiares, educadores, etc., tenham a consciência de que é preciso respeitar as fases do desenvolvimento da criança, deixando de impor-lhes condições que extrapolem o bom senso e exijam-lhes a maturidade ou o discernimento que ainda não possuem. Saudável é estimulá-las a serem apenas crianças saudáveis, a desenvolverem no tempo apropriado seus potenciais de inteligência e criatividade; além de repassar-lhes valores e princípios benfazejos que norteiem suas condutas rumo a uma vida equilibrada e satisfatória.
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