Infelizmente na rota existencial de muitos indivíduos, devido ao modo pelo qual foram educados ou deseducados, é quase que natural esse apego ao passado, já que estranhamente aprenderam com pais, familiares e outras fontes, a superestimar as ocorrências dolorosas e desconfortáveis, e a desvalorizar tudo aquilo que foi bom, promovendo, com isso, a anulação das satisfações que foram vivenciadas. Em sendo assim, não deixa de ser esta uma estranha alquimia que transforma o passado em toda a sua inteireza numa espécie de mochila de pedras que, ao ocupar o presente, subtrai da pessoa as energias que poderiam ser gastas para transformar o ato de existir em algo mais prazeroso e leve.
O que, às vezes, nos parece tão óbvio, parece-me, não é assim tão evidente, pois, a obscuridade que esse acúmulo de passado causa em termos mentais e emocionais principalmente, é o que faz, por exemplo, com que indivíduos com grandes possibilidades de sucesso, permaneçam estagnados e improdutivos deixando que o tempo que lhes é precioso se esvaia causando a sensação de que nada pode ser feito para mudar o que deve ser mudado. Motivo pelo qual alguns passam sistematicamente a culpar o destino, a má sorte e outras tantas situações e crenças para justificar o abismo que não cansam de cavar para si próprios ao permanecerem nesse doentio “culto” ao que passou.
Será tão difícil assim compreender que fora do tempo presente não há objetivamente o que fazer para aliviar os estragos que possam ter sido gerados no passado? Que só ações responsáveis e conscientes no presente podem gerar algum ganho existencial? Pois bem, difícil ou não este é o desafio a ser aceito por quem deseja estabelecer para si um patamar existencial rico em realizações mais perenes. Não há mágica ou segredo, o caminho é diluir, digamos assim, a presença e a influência do passado no presente, e isso passa, necessariamente, por uma consciente aceitação do passado como elemento de aprendizado. Ou seja, transformar as vivências do passado em uma fonte de conhecimento de si mesmo e do universo à sua volta como um todo. É esse desapego do passado que pode transformar o que antes era pesado e doloroso, em um farol a iluminar e dar clareza ao presente e a tudo quanto possa ser realizado de agradável e satisfatório. O presente vivido com leveza liberta a mente, a alma e o corpo, para que haja um renascer vigoroso da vida em toda sua plenitude e potencialidade.
Boa Reflexão e viva consciente.
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