Ao abordarmos a questão ambiental de uma maneira séria e conseqüente é necessário o cuidado para que não a vejamos como algo alheio à nossa vida, como algo fora de nossa existência. Quando vemos imagens de um desmatamento ou da poluição de um rio ou de uma nascente de água, por exemplo, não são apenas aqueles locais geograficamente localizados que estão sendo degradados, e sim a vida da terra que também é a nossa vida.
Pela ausência de uma consciência de integralidade entre nós e a natureza, deixamos de perceber o quanto ainda podemos contribuir para preservação do meio ambiental. Cada atitude preservacionista, por mais insignificante que achemos, é uma contribuição para a manutenção do equilíbrio do mundo natural, mas, pouca gente sabe disso ou, se sabe, não dá a mínima importância. Na verdade, muitos indivíduos reproduzem em relação ao meio ambiente, a mesma atitude de não levar em consideração acontecimentos corriqueiros de sua própria existência que, mais adiante, no seu conjunto, acabam por influenciar o surgimento de doença e mal-estar.
A famosa mensagem do chefe indígena Seattle ao presidente norte-americano em 1854, considerada como o maior manifesto ecológico de todos os tempos e que é uma síntese da unidade da vida em nosso planeta diz o seguinte: “ Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo que fizer ao tecido fará a si mesmo”.
Essa compreensão de integralidade do universo não vê ou sente as coisas como elementos isolados, “mas como partes de padrões vibratórios integrados, conjuntos cheios de significados, cujas características mais importantes não estão em suas partes, mas na maneira como estas partes se relacionam”, como escreve Carlos Cardoso Aveline, baseado no livro de Fritjof Capra, A Teia da Vida – Uma Nova Compreensão dos Sistemas Vivos. O mesmo já foi dito em outras palavras, por pensadores mais antigos: “ Assim é o grande como o pequeno, e tudo está unido a tudo o tempo todo”.
Para entender de modo simples essa unidade, basta observarmos a relação que temos tido com o meio ambiente, se desmatamos, poluímos ou degradamos a natureza as reações não tardam por vir. Pense, será que todas as alterações climáticas dos últimos tempos são provenientes do nada, ou é uma reação da própria natureza às agressões sofridas? Será que novos vírus, bactérias, pragas ou assemelhados, aparecem por acaso ou originam-se das nossas ações predatórias em todos os níveis? A verdade é que falta-nos bom senso, pois, mesmo experimentando as reações da natureza, muitas delas dramáticas e dolorosas, continuamos a transferir para o planeta o nosso próprio desequilíbrio, a nossa falta de consciência do que a vida verdadeiramente representa. Aos poucos, estamos matando a vida no planeta e não estamos nem aí para as gerações que ainda virão. Entorpecidos pelo egoísmo imediatista, nem percebemos que feito “homens bombas” sem Deus e sem razão, ao destruirmos também somos destruídos. Somos um todo integrado: homem e natureza uma só vida. E todo gesto predatório por menor que possa parecer: tipo jogar um copo plástico ou uma latinha qualquer na rua ou em outro lugar, é tão grave como poluir uma nascente ou um rio com agrotóxicos, ou promover irracionalmente queimadas e desmatamentos.
Tudo faz parte do todo universal, cada ação ou atitude nossa provoca uma reação positiva ou negativa sobre os outros e sobre nós mesmos. Em sendo assim, nada melhor do que nos conscientizarmos que a qualidade de toda a vida está intimamente ligada à qualidade do tratamento que damos a nós mesmos e ao meio ambiente. No mais, como ensinaram os Budas: “Pare de fazer o mal. Aprenda a fazer o bem. Purifique seu coração”. A vida agradece.
Boa Reflexão.
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